4 de setembro - Pfunds a Coldrano

6° dia de pedal (Pfunds a Coldrano): 73 km

De acordo com o nosso plano inicial, traçado com base nos roteiros feitos por amigos que vieram anteriormente à Via Claudia, a noite do dia 4 deveria ser passada em Nauders, uma estação de esqui que fica imediatamente após a grande subida que leva ao Reschenpass. Contudo, como estávamos a apenas 15 km de Nauders, decidimos fazer a subida e depois continuar até a próxima parada, Silandro, já que após o Lago Resia é só descida.
E foi isso que fizemos! Começamos o pedal às 9 da manhã – comparativamente cedo em relação aos outros dias, pois só temos começado às 10h ou 10h30.

O Reschenpass – o ponto mais alto da Via Claudia – nos aguardava neste dia!

Seguindo as placas, fomos por uma ciclovia que corre ao lado da autoestrada. Em certo momento, há um alerta para que os ciclistas não continuem pela estrada, pois não haverá mais ciclovia e ficará muito perigoso. Em vez disso, eles devem seguir pelo desvio que leva à localidade de Martina, na Suíça.
OK. Seguimos o alerta e despencamos trilha adentro até Martina – para depois subir tudo de novo, é claro. Agora podemos dizer que conhecemos a Suíça... apenas alguns quilômetros, mas já conhecemos!

Os poucos quilômetros da Via Claudia na Suíça passam por uma linda trilha no vilarejo de Martina.

O termo "Terra Raetica" designava a região dos Alpes sob domínio dos romanos.  

A subida do Reschenpass pela trilha de Martina foi, como imaginávamos, bem dura. Enquanto a do Fernpass conseguimos fazer inteira pedalando, nesta tivemos que empurrar um longo trecho.

Aqui não teve jeito: tivemos de empurrar boa parte da subida.


Depois de muita subida, aconteceu um fato bem estranho: a trilha nos levou de volta àquela perigosa estrada onde bicicletas não podem circular. Até agora não entendemos o que aconteceu. A trilha acabava e havia um aviso da organização da Via Claudia dizendo que não deveríamos prosseguir pela autoestrada – mas também não havia nenhuma indicação sobre por onde continuar. Procuramos em volta... e nada. A trilha simplesmente acabava ali e só havia a autoestrada. Para piorar a situação, algum engraçadinho tinha arrancado uma das placas, que talvez trouxesse alguma indicação útil.
Sem outra saída, tivemos de seguir pela autoestrada. Aí o bicho pegou. Foi, sem dúvida, o momento de maior tensão em toda a viagem, o único em que tivemos de enfrentar o trânsito pesado de uma estrada estreita, sem acostamento. E tudo isso subindo, pois ainda estávamos longe de alcançar o topo da montanha. Nos túneis, tínhamos de descer da bike e empurrar. E claro que ouvimos algumas – merecidas – buzinadas.
Durante a subida, observamos um trecho em obras na frente do museu de Nauders. Será que a trilha passava por lá, mas teve de ser interrompida por causa das obras? Não sei, só sei que o estresse só terminou quando chegamos a Nauders e reencontramos a ciclovia.
De Nauders a Resia, onde fica o marco do Reschenpass (ponto mais alto da Via Claudia) e a fronteira da Áustria com a Itália, ainda temos uma ligeira subida.

O Castelo Naudersberg, que fica entre Nauders e Resia.

Chegamos lá: o ponto mais alto da Via Claudia!!!

Fronteira da Áustria com a Itália.

Também na cidade de Resia fica o lindo lago de mesmo nome, com a famosa torre submersa.
Linda paisagem à beira do Lago di Resia (ou Reschensee em alemão).

O lago foi artificialmente criado em 1950, pela junção de dois lagos naturais.

Uma das construções inundadas pelo lago foi esta igreja do século XIV,
cuja torre permaneceu como um último testemunho do vilarejo que aí existia.

O que acontece depois do Lago Resia é algo que só posso descrever como a melhor experiência que qualquer pessoa que goste de bicicleta pode ter: são simplesmente 45 km de descida. Mas não é uma descida qualquer: é uma descida por um cenário de conto de fadas, com infinitos campos de macieiras de um lado e do outro o rio Adige, ora mais estreito, ora mais imponente, mas sempre muito veloz, cheio de corredeiras.
O perfume das maçãs embala a descida e a cada poucos quilômetros chegamos a uma aldeiazinha italiana diferente, cada qual com suas vielas, seus edifícios históricos, suas casinhas floridas.

Uma indescritível descida de 45 km espera pelo cicloturista após o Lago di Resia.

Gigantescas plantações de maçãs ladeiam toda a descida.

No caminho, graciosas cidadezinhas do norte da Itália.

Nem tirei tantas fotos, pois sabia que elas jamais poderiam traduzir a experiência única dessa descida, que encanta os cinco sentidos. Acho que os vídeos feitos pelo Eduardo poderão dar uma ideia melhor.
Nosso plano era parar em Silandro, mas acabamos ficando em uma cidadezinha próxima, Coldrano. Achamos um hotel que oferecia café da manhã e também jantar para aquela noite. Apesar de ser um pouco mais caro do que os hotéis onde temos parado, achamos que esse "pacote completo" nos pouparia o tempo e o "saco" de ir atrás de restaurante. Além disso, o quarto era enorme, então pudemos lavar bastante roupa e espalhar para secar em tudo quanto é canto!

Hotel em Coldrano: Bamboo Hotel (150 euros p/ o casal – com jantar e café da manhã) – prós: hotel maravilhoso, quarto enorme com varanda, fantástico buffet tanto no jantar como no café da manhã, internet no quarto; contra: o preço, claro – até agora ele foi a maior extravagância da nossa viagem!


2 comentários:

  1. Ver a Thelma empurrando é algo que me dá muito medo. Medo dessa subida do Reschenpass!!!

    Foi show a viagem de vocês, acompanhei pelas fotos e agora estou botando a leitura aqui em dia. :)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Hahaha, Christian... Você não viu nada ainda! No penúltimo dia da viagem, nós dois empurramos durante DUAS HORAS seguidas. É isso mesmo que você leu! Continue acompanhando e você saberá mais... hehe
      Obrigada por prestigiar nosso blog! Um grande abraço,

      Excluir