Começamos a jornada felizes por ter conseguido lavar as bikes no hotel de Imst. Depois de toda a lama que pegamos na travessia do Fernpass, elas estavam mesmo precisando de uma boa ducha. Para completar a nossa alegria, a chuva tinha parado e o sol começava a sair, apesar de a temperatura ainda estar bem baixa.
Toda essa alegria, porém, duraria pouco. Havíamos rodado menos de 10 km quando tivemos o primeiro problema mecânico da viagem: um dos raios da roda traseira do Eduardo quebrou. Até aí, nada demais. A questão é que ele está usando o sistema tubeless (sem câmara) e, pelo jeito, houve algum problema com a fita que faz o isolamento entre o interior do pneu e os raios, pois teoricamente não deveria haver comunicação entre eles; no entanto, houve, sim, muuuita comunicação entre eles: na verdade, no momento em que o raio quebrou, todo o líquido selante do interior do pneu começou a vazar pelo furo do niple.
Primeiro problema mecânico da viagem: um raio quebrado fez com que todo o líquido selante do sistema tubeless vazasse. |
Depois de tentar sem sucesso estancar o vazamento, resolvemos tirar o selante que tinha sobrado no pneu e colocar uma câmara normal. Isso seria uma tarefa relativamente simples em uma roda de aros normais, mas os superestreitos aros tubeless dificultam as coisas um bocado. Espátulas normais não aguentam; ainda bem que tínhamos comprado em Munique uma espátula de plástico reforçado da Topeak.
Quando o Eduardo finalmente conseguiu retirar o pneu e começou a colocar a câmara nova (nova mesmo, tirada da caixa), surpresa: ela estava com dois rasgos! Rasgos com alguns milímetros cada, não simples furos. Usamos o remendo rápido e tentamos, novamente com grande esforço, colocar a câmara outra vez. Quando o Eduardo começa a enchê-la, ouvimos mais uma vez o ar escapando: além daqueles dois rasgos, havia também um furinho (apesar de a câmara, como dito, ser nova em folha)! E dá-lhe retirar pneu, remendar câmara e recolocar tudo de novo... Vale lembrar que, como o Eduardo estava usando o sistema tubeless, tínhamos apenas uma câmara reserva do pneu dele – e ainda assim por pura precaução, já que o tubeless, teoricamente, não deveria dar esse tipo de problema.
Toda essa movimentação se desenrolava sob os olhares dos moradores do vilarejo austríaco onde paramos, que acompanhavam aquela estranha cena com interesse, fazendo perguntas e nos ajudando como podiam. Mas nós demoramos tanto com essa troca de pneus que eles acabaram desistindo da gente e foram para casa almoçar.
Com a câmara nova remendada duas vezes e o pneu aparentemente cheio, deixamos o vilarejo. Mas mal pegamos a estradinha rural e o pneu esvaziou novamente: aquele primeiro remendo rápido, colocado sobre os rasgos, não estava aguentando a pressão. O Eduardo teve de tirar o pneu e a câmara novamente e colocar um pedaço de silver tape sobre o remendo original. E foi assim que essa incrível fita, que já resolveu problemas até em naves espaciais, permitiu que finalmente prosseguíssemos viagem.
Apesar das três horas perdidas com esse incidente, conseguimos cumprir a meta do dia: rodar 55 km, já em leve ascensão, e chegar à cidadezinha de Pfunds, que fica antes do início da grande escalada que leva ao Reschenpass, o ponto mais alto da Via Claudia.
Depois de perder três horas com o problema no pneu, retomamos o lindo caminho até Pfunds. |
Com o frio intenso, infelizmente não deu para mergulhar nesta cachoeirinha... |
Águas transparentes reluzindo ao sol! |
Pfunds é uma cidadezinha de apenas 2.500 habitantes, muito tranquila e com pousadas relativamente baratas. Escolhemos a primeira que encontramos, a Pension Gabl, bem em frente à igreja.
A igrejinha no centro de Pfunds. |
Quando saímos para jantar, vivemos uma experiência inusitada: pegamos uma rua errada e fomos parar em uma parte da cidade oposta à dos restaurantes. O engraçado é que caminhamos uns 20 minutos e não encontramos uma alma viva para nos dar uma informação. E olha que não eram nem oito e meia da noite!
Quem nos salvou foram duas mocinhas maquiadas em estilo gótico – o que combinava perfeitamente com o clima de cidade fantasma de Pfunds!
Hotel em Pfunds: Pension Gabl (71 euros p/ o casal – com café da manhã) – prós: bom quarto, bom café da manhã, garagem coberta para as bikes; contra: a internet não funciona nos quartos, só no salão de jogos.
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